A prisão do general da reserva Walter Braga Netto, ex-ministro e aliado próximo de Jair Bolsonaro (PL), reacendeu as especulações sobre uma possível prisão preventiva do ex-presidente. Bolsonaro é apontado pela Polícia Federal (PF) como líder de uma organização criminosa que teria planejado um golpe de Estado após perder as eleições de 2022. No entanto, especialistas afirmam que, até o momento, não há elementos jurídicos que justifiquem uma prisão cautelar.
A prisão de Braga Netto foi decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes sob a acusação de interferência nas investigações. O general teria buscado informações sigilosas do acordo de delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Maurício Dieter, professor da USP, explica que, para haver prisão preventiva, é necessário que existam provas de atitudes concretas, como tentativa de fuga ou interferência da Justiça.
“Não temos notícias de que Bolsonaro esteja interferindo ou ocultando provas”, afirmou. Já o professor João Pedro Pádua, da UFF, ressalta que novos elementos ainda poderiam alterar esse cenário, mas, até agora, nada indica uma prisão iminente.
A Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas em novembro sob acusação de planejar um golpe de Estado. As investigações incluem planos de instaurar um Estado de Sítio e até a execução de líderes políticos, como Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes. Bolsonaro negou as acusações e questionou a prisão de Braga Netto, alegando que as investigações já estariam concluídas.
A PF, contudo, afirma que novas evidências surgiram. Perícias em celulares indicam que Braga Netto buscou influência de Mauro Cid durante sua delação premiada, omitindo informações cruciais sobre a operação “Punhal Verde e Amarelo”, demonstrada especificamente ao financiamento de atos golpistas.
A defesa de Braga Netto nega qualquer irregularidade e aguarda acesso aos autos para se manifestar. Enquanto isso, a Polícia Federal continua analisando materiais apreendidos, mantendo Bolsonaro sob medidas restritivas, como a retenção do passaporte.
Apesar da tensão política e jurídica, especialistas apontam que, até o momento, não há provas suficientes para justificar a prisão preventiva do ex-presidente. Novos desdobramentos das investigações, no entanto, poderão redefinir o cenário.