Um soldado do Exército Brasileiro, de 20 anos, foi detido durante a Operação Nix, desencadeada pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), que investiga a atuação de um grupo virtual responsável por crimes como estupro virtual, pedofilia e incentivo à automutilação. Identificado como Luis Alexandre de Oliveira Lessa, o jovem é apontado como o principal articulador da organização.
De acordo com as autoridades, a prisão ocorreu em novembro de 2024, e detalhes da investigação foram divulgadas essa semana, quando agentes da força-tarefa também apreenderam três adolescentes suspeitos de envolvimento direto com o esquema. O grupo operava principalmente por meio das plataformas Telegram e Discord, onde mantinha um canal chamado “Panela Country”, que reunia cerca de 600 integrantes.
As investigações apontam que os membros do grupo, autodenominados “paneleiros”, utilizavam identidades falsas para cometer os crimes. Lessa, que também é praticante de jiu-jitsu, era conhecido nos canais virtuais pelos apelidos “Hitler da Bahia” e “Sagaz”.
Conforme a denúncia do MP-SP, obtida com exclusividade pela reportagem, os envolvidos tratavam a violência como forma de entretenimento. O documento detalha episódios de chantagem sexual, divulgação não autorizada de imagens íntimas e até casos de crueldade contra animais.
A estratégia usada para atrair vítimas incluía desafios virtuais que rapidamente se transformavam em ameaças e coação. Um dos métodos mais comuns era conhecido como “plaquinha”, em que adolescentes eram induzidos a escrever o nome do grupo no próprio corpo, por vezes utilizando objetos cortantes. Posteriormente, o material era utilizado para extorquir ou humilhar as vítimas.
O Tribunal de Justiça de São Paulo rejeitou um pedido de habeas corpus apresentado pela defesa de Lessa, mantendo sua prisão preventiva. A investigação segue em andamento para identificar e responsabilizar outros membros do grupo.