Mais da metade dos estudantes brasileiros do 4° ano do ensino fundamental não domina habilidades básicas de Matemática, como tabuada, soma e subtração de centenas, e interpretação de gráficos simples. Segundo o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss), divulgado na última quarta-feira (4/12), 51% desses alunos estão abaixo do nível mínimo de conhecimento esperado.
O Brasil participou pela primeira vez do Timss, que avalia a educação em 64 países. A média brasileira entre estudantes de 9 anos foi de 400 pontos, superando apenas Marrocos, Kuwait e África do Sul. A classificação coloca o Brasil três anos escolares atrás da média global.
Entre os piores desempenhos, 5% dos alunos alcançaram, no máximo, 259 pontos, revelando que os testes internacionais apresentam um nível de dificuldade superior ao Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), a principal métrica educacional do país.
No 8° ano do ensino fundamental, o cenário é ainda mais alarmante: 62% dos estudantes não conseguiram atingir o nível mais baixo da escala de conhecimento. Isso significa que muitos não sabem lidar com conceitos básicos, como formas geométricas simples, proporção linear e interpretação de gráficos. A média brasileira foi de 378 pontos, ficando novamente à frente apenas de Marrocos.
Em Ciências, os resultados foram um pouco melhores, mas ainda preocupantes. No 4° ano, 39% dos estudantes não obtiveram conhecimento básico sobre temas como plantas, animais e o meio ambiente. No 8º ano, 42% dos alunos não responderam questões sobre células, reações químicas e naturais simples.
As médias gerais foram de 425 pontos no 4° ano e 420 pontos no 8° ano, o que posiciona o Brasil entre os níveis baixo e intermediário.
Os resultados do Timss evidenciaram uma grave defasagem no aprendizado das crianças brasileiras em comparação com outros países. Especialistas alertam para a necessidade de reformular políticas educacionais, investir em formação docente e melhorar o acesso a materiais pedagógicos.
“Os dados mostram que nossas crianças enfrentaram barreiras significativas no aprendizado desde cedo, e isso reflete nas etapas seguintes da educação. Precisamos agir rapidamente para reverter esse cenário”, afirmou um educador especializado em políticas públicas.
O estudo reacende o debate sobre a qualidade da educação no Brasil e a urgência de estratégias para equiparar o desempenho dos estudantes brasileiros aos de outros países participantes.