Em 2023, o herpes-zóster, popularmente conhecido como “cobrão”, levou a 155 internações na Bahia, segundo dados do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), do Ministério da Saúde. Esse número representa um aumento de quase 70% em comparação a 2022, quando foram registradas 92 internações pela mesma condição. O principal fator apontado para o crescimento dos casos é o envelhecimento da população, que aumenta o risco de desenvolvimento da doença.
O que é Herpes-Zóster?
O herpes-zóster é causado pela reativação do vírus Varicela Zoster, o mesmo que provoca a catapora. De acordo com Claudilson Bastos, infectologista e consultor técnico do Sabin Diagnóstico e Saúde, qualquer pessoa que tenha tido catapora pode desenvolver herpes-zóster, embora seja mais comum em idosos e imunossuprimidos. “Com o envelhecimento da população, que a partir dos 50 anos se torna mais suscetível ao vírus, os riscos aumentam”, afirma Bastos.
Sintomas e Evolução da Doença
A doença pode se manifestar a qualquer momento após a infecção inicial pelo vírus da catapora. Ela geralmente apresenta uma fase prodrômica, caracterizada por dor de cabeça, mal-estar, sensações anormais na pele, dor e febre, antecedendo o surgimento das lesões. Na fase aguda, aparecem bolhas d’água em um lado do corpo, frequentemente seguindo o trajeto de um nervo, causando dor intensa que pode evoluir para neuralgia pós-herpética – uma dor persistente por mais de três meses após o início das erupções cutâneas.
Casos e Complicações
Vera Lúcia Pereira, de 58 anos, conta que os sintomas da doença seguiram o quadro típico: dores antes do aparecimento das bolhas nas costas, que causavam grande incômodo. “Era muito ruim. Na hora de dormir, eu tentava deitar e incomodava. Na época, lembro que tinha passado por um estresse por conta de uma viagem. Estava muito ansiosa e acho que isso contribuiu para baixar minha imunidade”, relata Vera. Com tratamento adequado, suas lesões desapareceram em menos de um mês, mas nem todos os pacientes têm a mesma sorte.
Claudilson Bastos destaca que o vírus pode levar a outras complicações, como infecção bacteriana secundária, meningites, AVC e síndromes incapacitantes como a de Ramsay Hunt. Em imunossuprimidos, as bolhas podem surgir em locais atípicos e disseminadas, potencializando as complicações. A síndrome de Ramsay Hunt, por exemplo, resulta em paralisia facial e erupções no pavilhão auditivo, com baixa probabilidade de recuperação.
Tratamento e Prevenção
Sem cura definitiva, o herpes-zóster é tratado com drogas antivirais. A prevenção mais eficaz é a vacina recombinante, recomendada a partir dos 50 anos e a partir dos 18 anos para pessoas com alto risco de desenvolver a doença. Disponível apenas em clínicas privadas, a vacina é considerada cara, mas seu custo é superado pelo impacto econômico e na qualidade de vida causado pelas hospitalizações e complicações da doença. “O custo do internamento e da perda de qualidade de vida é significativamente maior que o preço da vacina”, conclui Bastos.
Conclusão
O aumento das internações por herpes-zóster na Bahia é um alerta para a necessidade de maior atenção à prevenção, especialmente entre a população idosa e imunossuprimida. Medidas como a vacinação são fundamentais para controlar o avanço da doença e minimizar suas complicações, contribuindo para a saúde pública e a qualidade de vida dos indivíduos.