O português é uma língua incrível. Uma só palavra pode ter vários significados, bons ou ruins.
Mas o mais incrível e inesperado de tudo é você conseguir ligar uma palavra com um significado maravilhoso a uma pessoa que destrói uma cidade e que se afunda na lama da corrupção.
Isso o prefeito de Eunapolis conseguiu fazer como ninguém. Ser fraterno hoje não é mais sinônimo de afeto, amizade, amor, cordialidade, e sim de uma organização criminosa que estampa os jornais com os piores escândalos de corrupção que o extremo sul da Bahia já viu.
É ser alguém que tira a comida da boca de uma criança enquanto enche o bolso de dinheiro. É poder promover o desenvolvimento e o crescimento, mas preferir entregar o retrocesso e a miséria a uma cidade. É ser pago para trabalhar pelo povo, mas ganhar muito mais superfaturando obras para rechear sua conta enquanto o pai de família nem um emprego tem para poder forrar o próprio estômago.
Ser fraterno não faz mais sentido para os eunapolitanos de coração grande. Que amamos um abraço, que encaramos qualquer coisa para salvar os amigos, e agora somos desamparados por um poder público que faz o progresso em seu próprio mundo.
Qual a qualidade que vemos em um abraço fraternal? O desprezo escorrendo por entre os dedos? A risada de deboche saindo dos seu lábios? Os braços se apertando para matar um povo sofrido e sonhador? Isso é o melhor que podemos esperar de um fraterno.
Isabela Crema