A ex-diretora do Conjunto Penal de Eunápolis, Joneuma Silva Neres, que foi formalmente indiciada por envolvimento direto na fuga de 16 detentos da unidade, ocorrida em dezembro de 2022, além de ser acusada de facilitar a evasão, a ex-gestora também responde por outras denúncias graves, como corrupção, colaboração com uma facção criminosa e um suposto relacionamento afetivo com um dos detentos, identificado como Ednaldo Pereira de Souza, conhecido como “Dadá”. Apenas um dos fugitivos foi localizado — e acabou morto em confronto com a polícia — enquanto os demais continuam foragidos.
A investigação, cujos detalhes foram revelados por meio de um processo judicial, aponta que Joneuma teria autorizado uma série de regalias dentro da penitenciária, incluindo entrada de itens pessoais como ventiladores e roupas sem a devida fiscalização. Ainda segundo relatos, ela teria permitido que a esposa de Ednaldo circulasse nas dependências do presídio sem passar por revista, o que levantou suspeitas sobre sua conduta.
Joneuma, que foi a primeira mulher a comandar a unidade prisional, estava grávida no momento em que foi presa. O bebê nasceu prematuramente, e ela segue custodiada no Conjunto Penal de Itabuna, onde permanece com o filho. A irmã da ex-diretora, que também atua como sua advogada, nega todas as acusações, incluindo o envolvimento amoroso com o detento. A defesa alega que os supostos privilégios concedidos tinham como objetivo conter tensões internas.
As investigações revelaram que a fuga foi meticulosamente planejada, com os presos usando uma furadeira para abrir uma saída no teto da cela. O Ministério Público da Bahia apresentou denúncia formal contra os envolvidos em março de 2023. Ao todo, 17 pessoas, incluindo o ex-coordenador de segurança do presídio, Wellington Oliveira Sousa, também foram indiciadas.
De acordo com o inquérito, há indícios de que Joneuma teria recebido R$ 1,5 milhão para colaborar com a organização criminosa, algo que seus advogados negam categoricamente. A Secretaria de Administração Penitenciária da Bahia informou que não tolera qualquer tipo de privilégio indevido e reforçou que está contribuindo com as investigações.