Um bebê de apenas dois meses teve o pé amputado após complicações médicas durante uma internação no Hospital Materno-Infantil Doutor Joaquim Sampaio, em Ilhéus, no sul da Bahia. O caso, que ocorreu na última terça-feira (01/07), gerou forte comoção e motivou a abertura de uma investigação pelo Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), além da apuração interna por parte da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab).
Segundo a mãe da criança, Sara Ribeiro, o pequeno Heitor Gustavo foi internado no hospital no dia 16 de maio, com um quadro de bronquiolite. Durante a realização de um exame, ele sofreu uma parada cardíaca. Após ser reanimado, um dos médicos teria aplicado medicação por um acesso venoso no pé do bebê. A família alega que a substância acabou vazando e provocando uma infecção grave, que evoluiu para necrose.
Mesmo após o surgimento da lesão, os parentes afirmam que houve demora na transferência da criança para um hospital de maior complexidade em Salvador. O encaminhamento só foi autorizado 22 dias depois, após intervenção judicial solicitada pelo MP-BA. A transferência foi feita para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde, devido à gravidade da situação, os médicos recomendaram a amputação do pé direito de Heitor.
“Foi desesperador. Ver meu filho naquele estado, com o pé escurecido, e saber que poderia ter sido evitado. A transferência demorou demais”, lamentou a mãe.
Segundo relatos da família, a própria mãe percebeu que havia algo errado no pé do filho no dia 17 de maio, um dia após a internação. Inicialmente, um médico teria interpretado o líquido no local como urina, mas mais tarde foi confirmado que se tratava de infiltração do medicamento.
“O pé dele estava roxo. A princípio o médico falou que era urina e depois falou que deu infiltração”.
O promotor de Justiça Pedro Nogueira Coelho informou que o MP-BA já recolheu os prontuários médicos do hospital de Ilhéus e do HGE. Uma análise técnica será realizada para determinar se houve falha médica ou conduta negligente que possa gerar responsabilização penal.
Em nota, a Sesab confirmou que o bebê foi internado em estado grave e que a lesão no pé ocorreu durante o tratamento intensivo, classificada como “complicação clínica”. A secretaria afirmou ainda que o bebê foi assistido por equipes especializadas desde o início da internação e que todos os protocolos médicos foram seguidos. Apesar disso, determinou a abertura de uma sindicância para apurar a conduta da equipe do Hospital Materno-Infantil.
Heitor Gustavo permanece internado no HGE, onde segue recebendo acompanhamento médico. A família, abalada com a situação, busca por justiça e transparência sobre o que realmente aconteceu durante a internação do bebê.