A Bahia deu um importante passo no enfrentamento ao racismo e à intolerância religiosa com a inauguração da primeira Delegacia Especializada de Combate ao Racismo e Intolerância Religiosa (Decrin), na terça-feira (21/01), em Salvador. A unidade está localizada no Engenho Velho de Brotas, no mesmo espaço onde anteriormente funcionava a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).
A Decrin operará no Centro Policial de Cidadania e Diversidade (CPCD), com estrutura para investigar e reprimir crimes de racismo, intolerância religiosa, LGBTfobia e outras formas de violência, incluindo aquelas contra pessoas idosas. A delegacia funcionará 24 horas por dia, oferecendo também serviços de assistência social, psicologia, cartório, sala de reconhecimento e apoio de núcleos especializados, como os de combate a crimes cibernéticos e de atendimento a mulheres e idosos.
Compromisso com Direitos Humanos
Durante a inauguração, o governador Jerônimo Rodrigues destacou o objetivo de erradicar a intolerância religiosa no estado. “Agora temos um instrumento poderoso para proteger direitos e incentivar denúncias. Nos próximos anos, vamos trabalhar para eliminar esse tipo de violência”, afirmou Rodrigues.
A delegada-geral da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Brito, reforçou o compromisso do estado com a liberdade de expressão e religiosa. “A Bahia segue na liderança com políticas que garantem os direitos humanos. O combate ao preconceito passa pela educação e pelo respeito às diferenças“, ressaltou.
Dados Alarmantes e Impacto Social
De acordo com a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), em 2024, a Bahia registrou 500 casos de racismo e 350 de intolerância religiosa, um aumento de 11% e 9%, respectivamente. Os números evidenciam a necessidade da nova delegacia, que será um marco na proteção dos direitos das populações vulneráveis.
Para Antônio Passos, líder religioso e diretor da Associação Mesa de Ogãs de Camaçari, a delegacia é um símbolo de reparação histórica. “Já sofremos muito com ataques a terreiros e racismo religioso. Este é um novo momento para garantir o direito de viver nossa fé e ancestralidade em paz“, afirmou.
Ações Integradas e Rede de Assistência
Além das investigações, a delegacia integrará uma rede de combate ao racismo e à intolerância religiosa que atua há mais de uma década no estado. O local também contará com um posto do SAC, oferecendo serviços de cidadania.
A secretária da Sepromi, Ângela Guimarães, destacou a importância de ações preventivas e repressivas. “Este é um instrumento fundamental para fortalecer o estado laico e garantir a dignidade de todas as pessoas, independentemente de sua cor ou religião“, concluiu.
A Decrin representa um avanço significativo para promover justiça social, proteger direitos e combater as desigualdades no estado da Bahia.